segunda-feira, 14 de março de 2011

Domingo no Parque!

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Caros leitores,

Como a Carina está trabalhando (na International House, onde o “head of the teacher trainers” disse em sala de aula que o “second conditional” é formado por “two phrases”... para professor de inglês é a mesma coisa que dizer que Jesus nasceu em Belém do Pará) e eu não, resolvi escrever desta vez. Já cozinhei e limpei o apartamento, ou seja, já executei minhas funções de “househusband”. Agora só me resta escrever e esperar minha mulher voltar do trabalho.
Há uns três finais de semana passados fomos visitar um parque muito bonito aqui mesmo em Burnaby chamado “Deer Lake Park”. Confiram o slide show e vocês verão que beleza o lugar é. Passeamos ao redor do lago, visitamos o museu, assistimos a apresentações de dança e números circenses no centro cultural do parque... tudo de graça. Igualzinho ao Brasil, né?! Confesso que assim que cheguei ao parque perguntei para a Carina: “Amor, esse lugar te lembra qual lugar no Brasil?”. A resposta veio imediatamente: “Parece muito com Curitiba”. Realmente não tem como negar a semelhança... tudo público, lindo, limpo e de graça. Gostaria de aproveitar o ensejo e parabenizar o Governo de Curitiba e os Curitibanos. Confesso que é o único lugar do Brasil que eu moraria sem medo de ser feliz. Dizem que o Curitibano é fechado e intolerante. Bom, das duas vezes que estive em Curitiba não achei nada disso. Pelo contrário, achei o povo educado e orgulhoso. Infelizmente no Brasil muita gente confunde educação com esnobismo e orgulho com intolerância, sendo que, em verdade, no resto do Brasil se perde muito tempo jogando conversa fora e tolerando o intolerável. Não é a toa que nosso país virou uma Casa de Tolerância. Viva a intolerância Curitibana!!!

Passeando pelo parque, avistamos lindos e pacatos gansos. Enquanto filmávamos os bichinhos, uma criança asiática saiu correndo atrás deles com pedras na mão para acertar os pobres animais. Tais cenas, contudo, foram censuradas por minha mulher devido a meus comentários nada polidos. Contudo, vamos divagar. É sabido que nunca quis ter filhos e ainda não os quero. Por quê? Por várias razões: trauma de ver tantas crianças mal educadas, infantilizadas e mimadas no Brasil; somos todos produtos que alimentam a máquina capitalista; o mundo está passando por mudanças sérias; os recursos naturais estão se esgotando; a poluição causada por cada um de nós é cada vez maior; etc. Bom, ainda assim às vezes algum desavisado tenta me convencer que eu deveria ter filhos. As razões são as seguintes: “Você não vai perpetuar seus genes? Quem vai cuidar de você quando você ficar decrépito? Você e a Carina são tão bonitos que é um desperdício não reproduzir”. Vocês notaram o egoísmo de tais “razões”? Cada vez que ouço esses absurdos tenho menos vontade de ter filhos. Quando vejo um zigoto correndo atrás de animais indefesos para apedrejá-los a coisa desanda de vez. Sorte dele eu não ser um dos gansos, pois teria lhe arrancado o nariz com o bico. Bom, tudo isso para parabenizar os pais Canadenses. Gente, vocês não acreditam como as crianças genuinamente canadenses são educadas. E é fácil entender o porque: desde pequeninas elas dialogam com os pais. Não tem grito nem bronca. Não tem infantilização (bebezinho do papai... coisa mais linda da vida da mamãe...). Tem, isso sim, muito diálogo. Tem prosa de qualidade e imposição de limites por meio de palavras. É impressionante sentar ao lado de pais com seus filhos pequenos no metrô. É uma verdadeira aula de como educar um ser humano. Viva os pais Canadenses!!!

Mas se os Canadenses são tão bons pais, por que então não procriam mais? Por um motivo muito simples: eles pensam. Infelizmente nós do terceiro mundo (para com esse papo idiota e furado de “país em via de desenvolvimento”) não pensamos. E quanto mais pobres e miseráveis somos, menos raciocinamos. Não é a toa que o mundo virou o que virou. Basta pensar cinco minutos que tudo fica muito claro. Vivemos numa sociedade capitalista global e plutocrática. Ou seja, pouquíssimos detêm o poder e o capital. O resto todo é escravizado e vai ao cinema aos fins de semana para fugir da realidade (detalhe que os bancos e a indústria de entretenimento global se encontram nas mãos de uma mesma gente). Os povos mais esclarecidos já perceberam isso e reduziram a prole. Contudo, nós continuamos reproduzindo como coelhos e povoando a terra de “produtos baratos”. Muitos de nós viramos imigrantes e suprimos a carência de mão-de-obra das sociedades mais desenvolvidas e abastadas. Na maioria das vezes, somos mão de obra mais barata e somos liderados por Canadenses, Franceses, Americanos, etc. Conveniente para o porco capitalista, não? Veja só: somos muitos, ganhamos pouco e enriquecemos meia dúzia. O que poderia ser mais perfeito que isso? Amigos, a única “meia saída” é pararmos de procriar. Pelo menos até que a Terra volte a ser comandada pela razão, decência, moralidade e grandeza de espírito. Este dia está chegando, mas cabe a cada um de nós oferecer resistência usando a única coisa que nos diferencia dos demais animais: a razão.
Vejam vocês o quanto podemos refletir após um simples Domingo no parque. Desculpem o longo texto, mas quando temos tempo para pensar indagamos muito. Interessante notar que cada vez trabalhamos mais e indagamos menos. Será mera coincidência? Um forte abraço!

Victor

8 comentários:

  1. Vitor, apesar do tom um tanto azedo (rs), concordo com várias das suas colocações, tb deixei o Brasil por estar muito decepcionada mas em relação a ser pai, no meu caso mãe, acho que para além do racional, para além de qualquer argumento lógico, vem um desejo inexplicável de ter filhos, de sentir o cheiro dos filhos, de tocar, beijar, ser chamada de mãe (ou pai)essas coisas tão sentimentais que ficam bobocas quando escritas. Quem sente isso não tem como evitar a chegada dos filhos, o triste é quando as pessoas se reproduzem simplesmente porque não pensaram nem planejaram nada. A gravidez das adolescentes pobres no Brasil é uma das nossas piores realidades na minha opinião. Lógico ter filho ou não é uma decisão de cada casal mas possibilitar que cada um possa realmente decidir se quer ou não ter filhos é uma responsabilidade da sociedade, de uma política social. Bom, sejamos felizes no Canadó onde a infância e a educação são valorizadas como devem.
    bjs
    Marcia

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  2. Olá Victor!
    Muito prazer, sou a Marina, amiga da Carina!
    A sua esposa está quebrando o maior galho para mim! rsrs
    Boa sorte nas suas buscas de emprego!!
    Até mês que vem (se Deus permitir!!!!)!

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  3. Victor, eu convivo com pais e maes canadenses pq tenho uma filha pequena, as criancas aqui sao sim educadas, existe dialogo, mas existe também "coisa linda da mamae e do papai" talvez voce ainda nao tenha convivido de perto com familias canadenses e por isso tenha tido a impressao de que eles sao tao racionais. Minha filha ja foi muito mimada aqui por "genuinos canadenses". Mas concordo com voce que educacao faz toda a diferenca. (desculpe a falta de acento)

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  4. Não sei se em Toronto as coisas são diferentes, mas vejo muitos pais canadenses com medo dos filhos. Conversam sim, não gritam, nao batem, mas nem por isso educam. Já vi na escola das crianças muitos legítimos canadenses, filhos, netos e bisnetos de canadense que mandam nos pais e os fazem de refens. Crianças que se jogam no chão, gritam, esperneiam e falam com os pais como se fossem os chefes... e os pais? Ficam sem saber o que fazer porque têm medo de tocar na criança e os outros pensarem que estão batendo nelas.
    Os melhores amigos dos meus filhos são descendentes de filipinos, mexicanos, colombianos e albaneses. São crianças educadíssimas, que vêm na minha casa toda semana e se comportam incrivelmente bem. Passo a tarde inteira com até 8 crianças de varias idades e nunca tive um único problema com eles, e tb nunca os vi fazendo má criação ou destruindo bem público ou maltratando animais.
    Na verdade criança mal educada tem em todo lugar, inclusive aqui. Mas eu concordo que no Brasil as coisas são muito piores: até porque os próprios adultos não têm nenhuma educação. Não dá pra se exigir um bom comportamento de uma criança cujo pai cospe no chão, joga cigarro ou latinha de cerveja pela janela do carro e sai na "porrada e no palavrão" em qualquer situação. Os canadenses de uma maneira geral são muito bem educados e sabem que as leis no Canadá não são frouxas, logo eles sabem que se forem pegos jogando pedra em qualquer um as coisas nao iriam ficar impunes.
    Quanto a ter filhos eu discordo de vc por motivos obvios: tenho três e teria tido mais se não fosse tão caro ter filho no Brasil. E as mulheres dos países desenvolvidos não têm filhos porque a vida aqui é cara e é complicada demais para as mães. Além disso elas sabem que filhos exigem dedicação e a mulher que trabalha nunca consegue se livrar da culpa de ter que deixar os filhos para outros cuidarem. Eu nunca conversei com uma única mulher que tenha desprezado o instinto materno e este desejo incontrolável de ter um filho por causa do meio ambiente ou porque "pensam". Eu conheço sim, muitas mulheres que não têm o instinto materno e eu as parabenizo quando não cedem à pressao da sociedade e simplesmente não têm filhos. O que vejo aqui são canadenses cujos maridos têm excelentes salários e elas podem se dar ao luxo de ficar em casa cuidando de seus filhos. Na escola das crianças tenho varias conhecidas com 3 e até 4 filhos e que gozam deste privilégio. As mais pobres ou as que amam incondicionalmente as suas vidas profissionais, escolhem menos filhos para conseguirem dar conta do recado.
    Quanto ao Brasil, as mulheres têm muitos filhos por ignorância: de varios tipos.

    PS: desculpe se pareceu agressivo, mas não foi minha intensão... é que estou com pressa e as vezes a linguagem escrita pode ser mal interpretada, rs. Foi só uma opinião de quem convive com muitos canadenses na escola católica.

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  5. Hi!!!
    Concordo com o que vc falou...em parte...rs!!
    I think you would be the best father ever!!!
    Love you anyways!!
    Carina

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  6. Ahh eu tb concordo com o Vitor, eu não tenho a minima vontade de ter filhos, filhos pra que?? pra eu ter mais preocupação do que eu ja tenho?? pra eu ter que trabalhar mais do que ja trabalho?? naooooo....melhor ter liberdade poder viajar pra muitos lugares, poder sair de nooite sem se preocupar com quem deixar os filhos ...ahhh e pq que quando casa vc é obrigado a ter filhos?? não é não...pode parecer egoista, mas não é não..eu não seria capaz de por um filho no mundo sabendo que eu teria dificuldades pra cuidar, eu so faria isso se eu tivesse uma vida muito bem estabilizada, por enquanto ainda estou em ascenção profissional...bjkas...

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  7. Primeiro blog de Vitinho... E não poderia ser diferente,né?! rsrs Sinceridade, uma virtude em você que me inspira. Acho só que além da razão também acrescentaria como um diferenciador o por do sol, por exemplo, e sei que aquela mesma criancinha atacando os gansos iria sorrir com a beleza de um por do sol, porque se ela vê fora, é porque também tem dentro dela, ou seja, não é a beleza DO por do sol, mas sim a Beleza que habita todos os seres, com suas semelhanças, diferenças, grandezas e pequenezas de espírito. Com saudades,
    Adriana Félix :)
    Beijo e concordo com a Carina!!
    V - Very sensible
    I - Indeed
    C - Caring
    T - Tender
    O - Or
    R - Rather better FATHER than his former students'parents back in Brazil..rsrsrsrs

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  8. Obrigado por elogiar minha cidade ^^
    flw =)

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